A adaptação Live-action de One Piece, um dos animes e mangás mais longos que se tem notícia, estreará na Netflix no dia 31 de agosto deste ano. No entanto, levando em consideração os fracassos recentes feitos pela produtora, como a série Cowboy Bebop e o filme de Death Note, muitos estão temendo o mesmo destino para essa versão das aventuras de Luffy e seus amigos. Essas releituras de animes em Live-action não tem tido sucesso em corresponder às expectativas dos fãs e em serem fieis ao material original. Ironicamente, Speed Racer (conhecido no Japão como Mach GoGoGo!) parece ser uma das raríssimas exceções a essa regra.
Apesar do filme de 2008, que foi criado e dirigido pelas irmãs Wachowski, ter sido um fracasso de bilheteria, ele tem ganhado uma boa reputação com o passar dos anos. Muitos o consideram como o ápice das adaptações Live-action de séries de anime. Na atual era de Reboots de séries animadas, o Deadline relatou em 2022 que J.J. Abrams produziria uma série baseada em Speed Racer para a Apple TV+, e na melhor hora possível. Contudo, levando em consideração o destino que outros trabalhos desse nicho tiveram, será que Speed Racer se tornaria mais um com o mesmo problema?
Speed Racer tem todos o requisitos básicos para virar uma série Live-action
Speed Racer era considerado um dos animes mais inovadores do seu tempo. O mangá criado por Tatsuo Yoshida e série animada dos anos 1960 conseguiram veicular toda a tensão e perigo de uma história sobre corridas de automóveis. Ele também tinha personagens bastante icônicos, aliados com uma narrativa cativante que manteve a platéia fiel durante muito tempo. Apesar do anime ser muito datado se o colocarmos nos padrões atuais, ele ajudou a introduzir as animações japonesas para o público americano e teve um papel importante na popularização das mesmas. Ela também forneceu a receita para criar um filme de ação de grande orçamento e estranhamente único.
O filme de 2008 teve a proeza de se manter fiel à base dos personagens, assim como o humor e drama entre eles. As Wachowski conseguiram torná-los tão cativantes como no anime. A computação gráfica e design, no entanto, foram os aspectos onde tivemos maior esmero e dedicação. A estética super estilizada e a cinematografia não foram muito bem vistas naquela época. Mesmo com o desafio de modernizar as adaptações e mostrar a qualidade que o material original tinha para um bom roteiro.
O que J.J. Abrams precisa fazer para tornar Speed Racer um sucesso?
O filme live-action ganhou o devido respeito e um status de filme cult com o passar dos anos. No entanto, um retorno para a TV — especialmente em Live-action — pode significar problemas para o revival de Speed Racer. Apesar das controvérsias de várias adaptações de animes produzidas pela Netflix que literalmente eliminaram qualquer chance de receberem uma continuação, existem lições que Abrams e a Apple TV+ poderão tirar do que aconteceu. Cowboy Bebop, por exemplo, teve críticas pesadas devido às mudanças feitas nos personagens e na escolha de colocar o estilo como prioridade no lugar do conteúdo. Por isso, a série falhou em atingir um equilíbrio entre ela e o material original.
Ao contrario de Cowboy Bebop, no entanto, Speed Racer se provou uma série perfeita para receber uma adaptação. Como várias outras, será necessário fazer algumas mudanças para que a série seja sustentável. Mas assim como filme, será necessário atualizar o material para o público atual enquanto mantém estilo de narrativa e a empolgação do anime clássico.
É claro, essa série também precisa evitar cópias explícitas de elementos do filme das Wachowskis se quiser continuar fazendo sucesso por conta própria. Seria necessário entender e absorver esses elementos que funcionaram para o anime e o filme enquanto desenvolve sua própria identidade. Se conseguirem impressionar os espectadores e, mesmo assim, manter o mesmo humor, drama e tensão de seus predecessores, o Speed Racer de J.J. Abrams poderá viver tempo o suficiente para receber uma ou mais temporadas.
Referências
CBR