via Homero Pivotto Jr
Músicas urgentes, pesadas e que transitam entre momentos de introspecção e explosão. Essa é a tônica do som da Jive, power trio de Porto Alegre que lançou o EP “Jive II” no começo de junho. O trabalho apresenta uma mistura entre o hardcore oitentista estadunidense (principalmente o de Washington) e o que se convencionou chamar de metal alternativo, popularizado nos últimos dez anos do século passado, como base das composições. Mas as influências vão além, agregando a verve hipnótica do pós-punk e a inconformidade com protocolos do experimental/alternativo. O resultado são cinco faixas que carregam certa ousadia jazzística com intenções punk.
De maneira simplista: é rock brabo que remete à estética musical dos 1990, com ecos de Helmet, Fugazi, Sonic Youth, Joy Division e Pixies. ‘Run or Bet’, ‘Entercool’, ‘The Anchor’ (que saiu como single em abril), ‘Simple Things’ e ‘Curfew’ são as faixas que integram o registro. Liricamente, o EP mostra um ponto de vista de reflexão pessoal, às vezes aproximando-se de espiritualidade, sobre temas variados do ciclo de vida (como relacionamentos, trabalho e sociedade).
A formação atual da Jive, responsável pelo lançamento mais recente, conta com Gustavo Mantese (voz e guitarra), Luigi Rokero (bateria) e Lucas Rachewsky (baixo).
“Em termos de influências e inspiração a gente tem citado, de uma forma mais ampla, artistas como John Coltrane e David Bowie. Não porque a nossa música é ou quer ser parecida com a deles, mas porque nossa vontade de experimentar, de se aventurar no som e na mensagem, nos faz ter uma grande identificação com eles”, destaca Gustavo Mantese, fundador da Jive.
Conforme o músico, a ideia de seguir uma fórmula ligada à qualquer tipo de gênero/subgênero musical é algo que a banda evita:
“Na nossa visão, o que tanto punk como jazz têm de melhor é, justamente, a coragem de ousar, de usar a música como um veículo para expressar uma ideia, um sentimento, de forma genuína e direta, seja com paixão e ingenuidade, seja com intenção e “sofisticação””.
A gravação de “Jive II” foi realizada em 2024, no estúdio Hill Valley, na capital gaúcha, com engenharia de som assinada por Davi Pacote. A mixagem é de Diego Poloni. A arte de capa foi criada por Júlia Tannous Sager e pelo baixista Lucas Rachewsky usando desenho feito por Carlos Leão.
O primeiro EP da Jive saiu em 2021, com produção do paulista Fernando Sanches (músico e produtor que já trabalhou e tocou com Heteen e CPM22). O material é intitulado com o nome da própria banda e apresenta três músicas: ‘Next Steps’, ‘No Need To Hurry’ e ‘Seven’.
Sobre a Jive:
Jive é uma banda de heavy rock alternativo do sul do Brasil, formada em 2018. O grupo mescla o DNA punk com elementos de outros subgêneros do rock, principalmente dos anos 1980 e 1990. Com letras que são, geralmente, questionamentos pessoais, a música do Jive cria um som introspectivo e explosivo.
Inspirando-se na experimentação vanguardista de nomes como John Coltrane e David Bowie, na força bruta da Melvins e Rollins Band, bem como nas influências hardcore e pós-punk de Dag Nasty e Psychedelic Furs, os lançamentos do Jive ressaltam o comprometimento com a exploração musical.