Fala aí pessoal da shock tudo bem com vocês? Pois bem voltei aqui com mais uma review fresquinha para vocês. Pois bem na review de hoje irei falar sobre o terceiro filme de spin-off de rocky balboa, Creed 3. Então antes de mais nada peguem suas luvas de boxe e bora para mais uma Review.
Adonis creed agora está longe dos rings, curtindo a aposentadoria junto com sua família e apenas gerenciando a carreira de novos lutadores, porém quando um amigo de infância reaparece, a culpa por ter deixado esse cara pra trás, reacende feridas que vão revirar a vida de Adonis.
Mas é bom?
A experiência de assistir a um filme no cinema é única e maravilhosa não é? Isso se deve a energia única de compartilhar os mesmos sentimentos comuns com um monte de gente desconhecida e vidrada numa tela gigante certo? É então, mais ou menos não é tão certo assim por que mesmo sentimentos? Nem tanto, nem tanto. Assim como ninguém compartilha a mesma digital, os mesmos traços faciais ou o mesmo DNA, ninguém compartilha a mesma vivência até chegar diante daquele filme e portanto, cada vivência é capaz de gerar uma sensação única em cada espectador, e como a variedade de sensações é infinita, não seria tão absurdo dizer que, enquanto tá todo mundo vendo o mesmo filme ao mesmo tempo, ninguém tá vendo o mesmo filme. Tá mas se for por esse lado, então pra que existem as regras do cinema? Pra que que os cineastas estudam e calculam tanto? Que utilidade teria a crítica se todo mundo pensa diferente no fim das contas? Tudo isso é respondido por que, mesmo que cada um tenha peculiaridades que proporcionam leituras próprias, esse é um efeito mais específico e lírico. De forma macro acontece um fenômeno que é a gente tender a seguir padrões de resposta aos mesmos estímulos, vai ser unânime? Nunca! Maaaas, é por isso que um cineasta se dedicam a entender como que um mecanismo destino, reação funciona, pra criar obras mais certeiras dentro daquilo que querem provocar de forma mais geral ao público que escolheram como alvo, eles fazem isso para não terem que contar com o caso com a sorte, já os bons críticos por sua vez, estudam para serem capazes de fazer uma engenharia reversa pra tentar entender e comunicar como as obras conseguiram reunir êxitos ou não ao seu público.
Tá mas aonde eu quero chegar com toda essa introdução? É que assim como qualquer outro filme, esse aqui principalmente deve atingir outros perfis diferentes, de formas diferentes, mas não é bem por esse lado que eu quero ir não, eu quero fechar meu raciocínio apenas em como a gente deve encarar Creed 3, a depender do quanto a gente conhece a sua forma, sim até por que Creed 3, é mais do que um terceiro capítulo da sua franquia creed, ele é lembrando o nono capítulo do universo Rocky e o cabogézimo filme do atleta que precisa se superar para mostrar o seu valor, esses filmes tem muito mais em comum do que a estrutura base ou melhor, muito mais do que o esqueleto, os músculos do corpo desses filmes também são um copia e cola um dos outros. Tem quase 5 décadas que essa mesma fórmula vem se repetindo e retocada, com só alguns incrementos aqui, ou outros alí e se por um lado fazem isso por que a fórmula já se provou dar certo, por outro tal reuso, desgasta a visibilidade, causando num grupo mais calejado, a algo maior do que “AH já sei o que vai acontecer”, pois a gente também sabe, como vai acontecer, o que naturalmente deixa uma experiência menos intensa e menos impactante pra gente, do que para as novas plateias , não que os realizadores não saibam disso, até pq eles sabem muito bem, e como é de hábito nessa franquia, um grande esforço que eles fazem, tá na busca por elementos que trazem novidades pra satisfazer o público calejado, maaas sem arriscar demais, para desvincular a fórmula máxima do sucesso e perder as plateias novas pelo caminho. Então se eles não se permitem mudar a constituição do corpo, se esforçam para que pelo menos troquem a pele, os traços, os semblantes e quem sabe até a mesmo a alma do projeto também, inclusive é isso que deixa a série de filmes Creed mais uniformimente foi a série Rocky, já que essa foi ficando notavelmente mais oca na medida em que se avançava, por se entregar a mera repetição sem muita preocupação extra, com exceção de Rocky Balboa o sexto capítulo, que recuperou sim o capricho do original de 76, e tentou trazer de verdade esse algo a mais que a trilogia Creed, tem pra buscar. Mas, que algo a mais seria esse? Primeiramente quero deixar claro que eu não estou aqui para cuspir opinião e fazer com que você adote como sua, o que eu quero é que minhas palavras façam você refletir e descobrir por si só, por que o filme teve ou não valor pra você beleza? Maravilha, pois bem.
A alma seria os dramas próprios da vez, como cada personagem evolui e desenvolve, como as relações acontecem, e a pele é o estilo do filme, a aparência, algo que aqui passa por uma fotografia moderna, com uma câmera que persegue os personagens, como a insistência descolada, quando eles estão deslumbrados ou se achando os maiorais, com interesse buscando intimidade com os próximos quando eles estão em encontro afetuoso, como em um momento mais íntimo. Já em momentos de maior tensão, a câmera já perde a instabilidade, enquanto isso durante as lutas, apesar de terem muitos cortes, a montagem pode contar com eficientes panos e Takes, pra presar pela coerência visual quanto a continuidade dos movimentos, então dá pra compreender muito bem quem tá avançando em quem, quem tá vencendo ali, quem tá apanhando, e de fato parece que as lutas foram muito bem pensadas durante as filmagens mesmo, e não simplesmente grava de tudo que é lado, de tudo que é jeito e larga nas mãos da Edição para que ela se vire, é só ver a quantidade de toques criativos inseridos aqui e ali no meio, o que reforça o talento dos lutadores, de um plano em câmera lenta, registrando um momento de trapaça, a uns ainda mais elaborados closes, de partes de oponentes também em câmera lenta, pra realçar a vulnerabilidades deles, e ainda que a condução das sequências de luta abandonem por completo aquela “crueza”, que por outro lado deixa aquela trocação de porrada mais ociosa, mas por outro da um realismo absurdo já que as lutas verdadeiras são assim, ociosas em boa parte do tempo.
Pelo menos ao dispensar isso, deixa a sequência de lutas bem mais espetáculosas e impolgantes, então tudo bem que trocaram aquela “secura” mais realista, por essa movimentação mais espetáculosa, pra mim isso funcionou muito bem, assim como eu adorei um certo trecho mais lúdico, em que dois personagens lutam em meio a uma arena vazia, só os dois ali, um toque ou outro, de algum elemento do passado, uma grande ou alguma outra coisa lá, com um design de som limpo e saltando apenas a força dos golpes, e um cansaço através de respirações ofegantes, além de que essas coisas dos dois sozinhos também se encaixou como uma luva, como um duelo de acertos de contas junto com feridas do passado que só dizia a respeito dos dois, então um belíssimo e poético trecho “Quantas porradarias eu só lamentei de verdade, que a maquiagem não tenha acompanhado a força das pancadas, que o design de som surgiu no filme inteirinho” não é raro ver os personagens saírem de lutas acirradissímas, só com um singelo corte na cabeça, na cara, ou um rosto vermelho junto ao corpo, cadê aquele estrago que a gente já viu nessa franquia? No próprio creed 1 a gente vê o Adonis com olho ROXO, INCHADO! Enquanto o seu oponentes se encontra com o olho cortado, os caras ficam irreconhecíveis, isso é preciosismo meu? Não, até por que a maquiagem ajuda muito na história ilustrando como a luta tá sendo sacrificante, mas se por um outro lado os personagens saem intactos, não parece que eles estão sofrendo tanta dificuldade assim. Só que aí também é cada Jab Direto que eles tomam sem cair que uma coisa não condiz com outra.
Talvez isso também seja um deslize de um ator que também está dirigindo o filme, é muita coisa que ele tem que estar atento ao mesmo tempo e ele ainda tem que atuar, então é meio complicado, ou talvez tenham evitado abusar de mais da maquiagem dele pra ele não passar tanto tempo se maqueando e isso comprometer o tempo de gravação, maaas especulações a parte infelizmente em geral pareceu que Michael B Jordan, conseguiu se dividir muito bem nas duas funções, domando corretamente desde questões dramáticas, até se superar com ação, centralizando todo esse tecnicismo que eu mencionei, da pra mencionar também, boas sacadas da direção, como a de não revelar o corpo de Damian até o momento preciso, até então ele dizia estar treinando e tals, mas como sempre andava mal arrojado, não impunha tanta credibilidade, mas então quando ele finalmente aparece sem camisa, eita treino bom em fí, trincado, forte pra caramba, então após você ver isso o impacto é imediato ao nível de você pensar “Sim! Esse cara tá treinando muito mesmo”.
Maaaas, ainda que B Jordan brilhe em sua estreia na função enquanto também tá em cena, esses esforços duplicados, não me pareceram perfeitos, atuando ele continua ótimo como sempre e ele continua mestre na proeza de compatiblizar marra e empatia num rosto só, mas eu senti falta de uma aparência um pouco mais de aposentado, ele tá muito trincado desde o início, tudo bem que ele continua treinando mas querendo ou não ele está aposentado, só não está na perfeita forma física pois não está competindo, o que resultaria seu esforço quando ele voltasse a forma, daria pra ver que ele penou para voltar a forma física, que ele estaria realmente penando para se superar, e emocionalmente em singelos momentos eu não senti que ele correspondia as curvas dramáticas com a leveza exigida, o que não é bem culpa dele como ator, já que essas curvas bruscas vem do roteiro e são cuidadas pela direção, então no caso seria mais culpa dele porém como diretor, e tanto há esses descuidos na curva que o personagem do Jonathan Maiors, também não consegue evitá-los, mesmo que esteja sublime a compor um personagem que se equilibra muito bem, entre o ressentimento e o oportunismo vingativo de simular. Sentimentos que já são difíceis de traduzir em palavras, imagine imprimindo isso na cara? Jonathan Maiors foi lá e fez, mas ainda assim ele precisa na vida de certas mudanças brutas que dão uma sensação de algo faltando ali no meio saca? Como eu disse, é algo que já vem do roteiro e de forma até costumeira, tão costumeira que eu me arrisco a dizer que essa seria a maior falha do roteiro e do filme.
Eu adoro o subtexto que o argumento trouxe dessa vez que é de querer resolver uma coisa do passado, o contexto que foi criado no passado, o que isso trás pro presente, como isso serve para desestabilizar a figura emaculada do protagonista, isso abalou ele psicologicamente, como se liga a trama de boxe e soma como isso serviu de base de forma criativa, pra justificar a realização desse terceiro capítulo, porém, algumas passagens são abruptas de mais e mudam ou escalam rápidos de mais, de um jeito que dá uma alavancada injustificáveis na progressão, impedindo que a gente possa sentir o momento, ou no mínimo dificultando que o momento seja tratado com mais naturalidade, é quase como se o roteiro tivesse preocupado em fazer o check-list das etapas necessárias para preservar a fórmula e a prévia, e cortasse suas próprias ideias que estavam funcionando, e aí como Michael B Jordan se encaixa nisso, talvez uma direção mais atenta? mais experiente? Talvez fosse capaz de notar esses probleminhas e evitar, é culpa do B Jordan? Não propriamente até por que estava no roteiro, mas ele no comando da bagaça, também não ajudou a acionar esse problema
Creed 3 joga no seguro e aposta bastante na fórmula do sucesso da franquia, o esforço que faz para cativar o público das antigas, é ao se preocupar em criar um contexto convincente pra trazer os personagens de volta e trabalhar em torno desse contexto para trazer um pouco mais de identidade a esse capítulo. E ainda que se saia bem nessa tarefa e ainda que apresente sequência de lutas espetaculosas, as vezes se apressa se mais pra cumprir com as exigências da fórmula, e deixa faltar justamente aquilo que mais fazia o filme ser único e rico, as suas próprias ideias, não vou negar que é uma boa diversão, porém é uma boa diversão mais para a nova plateia do que para a antiga, por conta dessa preservação excessiva da fórmula, que tira boa parte do impacto e das surpresas da experiência como um todo, pra quem já tá habituado, pra quem não tá aí pode ser novidade.
Então depois de toda a minha Review, a minha nota para Creed 3 é de 8,5. Então é isso, mais um review chegou ao final, muito obrigado a todos que leram espero que tenham gostado e até a próxima!