Black Flag faz show em Porto Alegre dia 25 de outubro tocando na íntegra o álbum “My War”, um dos favoritos de Kurt Cobain (Nirvana)

Black Flag faz show em Porto Alegre dia 25 de outubro tocando na íntegra o álbum “My War”, um dos favoritos de Kurt Cobain (Nirvana)

via Abstratti Produtora

Quando lançou o hoje seminal segundo álbum “My War” (1984), o Black Flag, nome fundamental do hardcore, estabeleceu novos parâmetros para o estilo. Se o lado A do vinil mantinha velocidade e agressividade características da banda, o lado B trazia faixas mais lentas e experimentais, agregando referências que iam do noise ao Black Sabbath. Não à toa, o registro é tido como pioneiro do post-hardcore, sendo ainda referência para toda uma nova geração alternativa de rock que estava por vir. Entre os que foram cativados pela fórmula do Black Flag de criar uma dinâmica entre partes mais nervosas e outras mais calmas está Kurt Cobain. O próprio líder do Nirvana fazia questão de deixar clara a influência de “My War” em sua obra, inclusive elencando o disco como um de seus preferidos da vida em lista que consta no livro “Diários de Kurt Cobain”. A relação do falecido artista com o grupo do guitarrista Greg Ginn também passa pela vivência ao vivo, já que o primeiro show hardcore de Kurt foi o Black Flag na turnê do supracitado registro.

Porto Alegre tem a chance de presenciar a força das composições de “My War” ao vivo em 25 de setembro. Nessa data, o Black Flag faz show com mais de duas horas no Opinião (José do Patrocínio, 834) tocando seu segundo play de estúdio na íntegra, bem como clássicos de outras fases. O evento, que se inicia às 19h, tem ainda apresentação da L7, banda feminina que quebrou a hegemonia masculina no rock alternativo dos anos 1990. O disco “Bricks Are Heavy” (1992), que tornou as meninas conhecidas no Brasil, com direito a apresentação elogiadíssima no Hollywood Rock de 1993, completou 30 anos em 2022. Até  hoje, os temas desse álbum (como ‘Monster’, Shitlist’ e o hit ‘Pretend We’re Dead’) compõem boa parte do repertório da L7.

Ingressos para a noite história com Black Flag e L7 na capital gaúcha estão disponíveis neste link.

Créditos: Flávio Santiago

Black Flag

O Black Flag é nome de referência para o punk e pioneiro no hardcore. Criada pelo guitarrista Greg Ginn em 1976, na Califórnia (EUA), a banda tornou-se extremamente influente dentro do rock, do metal ao indie. Após chamar a atenção no cenário underground com dois EPs — “Nervous Breakdown” (de 1979 — com Keith Morris, que depois formaria o Circle Jerks, nos vocais) e “Jealous Again” (1980) — o grupo lançou o acelerado primeiro álbum “Damaged” (1980), que tinha o hoje lendário Henry Rollins como frontman.

Com seu segundo disco “My War” (1984), o Black Flag tornou-se realmente cultuado, a ponto de ser citado como influência por grupos como Nirvana, Mudhoney, Melvins e Queens of the Stone Age. Com “My War”, gravado como trio (Ginn ficou responsável pelas cordas, Rollins pelas vozes e Bill Stevenson, do Descendents, pela bateria), o conjunto apostou em uma sonoridade mais arrastada e pesada, estabelecendo caminhos que deram origem ao sludge e ao grunge. São nove músicas, sendo seis mais “tradicionais” (tal qual “Can’t Decide” e “Beat My Head Against The Wall”) no lado A e três um tanto experimentais no B. 

O grupo colocou na rua outros álbuns importantes, como “Slip It In” (1984), “Loose Nut” (1985) e “In My Head” (1985). A maioria das artes de capa são assinadas por Raymond Pettibon, artista visual irmão de Ginn, conhecido por ter ainda criado o famoso logo das quatro barras que identifica o Black Flag.

Além de tocar Ginn também fundou o selo independente SST, em 1978, por onde lançou todas suas gravações e artistas então emergentes, como Hüsker Dü, Bad Brains, Soundgarden, Sonic Youth e Dinosaur Jr.

Atualmente, o Black Flag é composto, além de Ginn, por Harley Duggan (baixo), Charles Wiley (bateria) e o skatista profissional Mike Vallely (voz).

L7

O pensamento de que para fazer rock era preciso ter culhões ficou no passado. E as meninas da L7 são pioneiras nesse sentido, comprovando isso desde 1985, quando iniciaram as atividades na Califórnia. No Brasil, o quarteto feminino surgido com o levante grunge, que mudou o panorama da cultura pop durante os anos 1990, despontou com o terceiro álbum “Bricks Are Heavy” (1992). É desse disco a consagrada ‘Pretend We’re Dead’, bem como os singles ‘Everglade’ e ‘Monster’. Com a grande exposição mundial, as garotas estrearam ao vivo no Brasil em 1993, como atração do Hollywood Rock. Com show coeso e enérgico, roubaram a cena no evento, sendo apontadas como uma das melhores performances do festival — que tinha na escalação Nirvana e Red Hot Chili Peppers, entre outros.

Ainda na última década do século passado, a L7 lançou os discos “Hungry for Stink” (1994), “The Beauty Process: Triple Platinum” (1997) e “Slap-Happy” (1999), sem o mesmo impacto de outrora. Em 2001, a banda anunciou um hiato indefinido, retornando aos palcos em 2014. 

A última passagem do conjunto pelo Brasil foi em 2018, um ano antes de lançar “Scatter the Rats”, seu primeiro álbum em 20 anos e o mais recente até então. Em 2016, saiu o documentário “L7: Pretend We’re Dead”, dirigido por Sarah Price e mostrando a trajetória de altos e baixos da banda.

A formação atual, que vem desde o fim dos anos 1980, tem Donita Sparks (vocais e guitarra), Suzi Gardner (guitarra e vocais), Jennifer Finch (baixo) e Demetra Plakas (bateria).